s poemas da transição de Guilherme Almeida, como não poderia deixar de ser, nos atravessam! E com que ternura! A experiência de lê-los lembra sentar-se sob a sombra das árvores, à beira de um rio e vê-lo passar. Algumas vezes, a corrente é tão intensa que sentimos que as margens machucam o rio e este precisa correr para se livrar da dor. Em outras, as margens são macias e seus contornos delicados dão à água as condições ideais para avolumar-se e, então, ter caminho, poder seguir. À beira do rio translúcido, a conversa com Guilherme é transparente e mostra a matéria de seu coração: amálgama muito nobre entre valentia e doçura. A escolha das palavras e a estrutura dos versos nos diz do seu desejo de encontro. Guilherme não quer dizer para poucos. Mas nesses versos claros, o que se encontra é um profundo enigma. O que está em jogo é mais até do que ser ou não ser. Também eu não saberia dizer o que está em jogo, mas sinto que é algo que aponta na direção da aventura humana sobre a Terra. Marcia Zanelatto Escritora e dramaturga
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