A ficção é um suporte legítimo para a produção de reflexões históricas. A própria historiografia contemporânea corrobora com as análises multidisciplinares que possam extrair de fontes menos usuais as informações mais pertinentes sobre o passado para uma crítica contemporaneidade. As histórias em quadrinhos são fontes riquíssimas, ainda mais significativas pela pouca exploração de seus vastos territórios, seus acervos narrativos periódicos e seu extenso panteão de personagens são parte dessa imensidão representativa. Quando a própria história silenciou minorias em documentos formais e oficiais, as historiadoras e historiadores precisaram buscar no excepcional os meios de se dialogar com questões sensíveis, como, por exemplo, a história das mulheres e dos feminismos. Uma extensa história das mulheres circunda os traços visuais, narrativos, estéticos e éticos da Mulher Maravilha, tornando-a um icônico sintoma de imaginários que envolvem questões políticas e de gênero. E seu lugar de existência, suas falas e performances, os usos de suas imagens, estão atrelados aos movimentos políticos feministas durante toda a sua existência enquanto arquétipo da indústria cultural. Este trabalho buscou as aproximações e os afastamentos da super-heroína Mulher Maravilha com os movimentos feministas, as inúmeras mulheres que fizeram parte de sua história e sua importância simbólica em seus mais de 70 anos de existência.
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