"E assim, Teço Amanhãs”, segundo livro solo de Jairo Pinto, traz no título a ideia de esperança, palavra usada com o propósito de ter a certeza: somos nós negros e negras tecendo o nosso amanhã por nossa própria conta e risco. É urgente. Por meio de emoções e sentimentos, o poeta nos movimenta para agitarmos dentro de cada leitor e leitora essa urgência de repensarmos os fatos ocultos e explícitos atravessadores das nossas vidas crioulas. O autor nos brinda com 42 poemas potentes, em que a escrevivência faz parte das nossas escritas, das nossas lembranças e afetividades. No poema "Segunda lição", não tem como não se emocionar: “Quando menino / aprendi a cuidar de chinelos / Não precisaria dizer adeus / a mãe alguma se cuidasse bem deles... / Ainda hoje, mais moço / para matar a saudade / cuido de chinelos”... Jairo cuida dos chinelos, porque também ajudam a caminhar e não ficar à espera da esperança. No "Poeminha para meu pai”..."meu velho, / preto, / passa a vida / fazendo alicerces / para sua prole / poder estudar”... Os alicerces de sua vida estão bem estruturados e por isso vai atrás da esperança. Em "Masculinidade", veremos a grandiosidade do escritor, pois fará algumas masculinidades tóxicas repensarem suas vidas. Entre tantos outros poemas políticos, do extermínio de crianças, jovens e adultos cujos corpos são negros, encontramos o texto “Amor de Carapinha”, um tema da mesma importância. A nossa revolução também passa pelo fato de nos amarmos. Um amor entre duas pessoas negras, neste país desigual economicamente e racista, é um ato revolucionário, porque amamos sim e com este amor esperançoso, não vamos esperar e nem deixar as nossas vidas nas mãos dos pseudo brancos. Enfim, vamos apreciar os poemas deste belíssimo livro e, ao lê-lo, conjuguemo-nos a Jairo Pinto e assim juntos teceremos nossos amanhãs. A todos, a todas e a todes, uma boa leitura. Esmeralda Ribeiro Quilombhoje Literatura e Flores de Baobá Jairo Pinto é um poeta e escritor de literatura negra. Nascido em Paripe, subúrbio ferroviário de Salvador, publica há 11 anos em diversas antologias como Cadernos Negros (Quilombhoje), incluindo a edição 42, de contos, indicada ao 62° Prêmio Jabuti, e O Diferencial da Favela: Poesias Quebradas de Quebrada (Editora Galinha Pulando). Lançou o seu primeiro livro individual, o Por Onde Começar: antologia de verso e prosa (Cogito Editora), em 2016, com relançamento no formato e-book em 2020. Participa de diversos eventos literários e é poeta residente do Sarau Bem Black.
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