Este trabalho é resultado da minha dissertação de mestrado em Literatura e Cultura, defendida em 2020, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A pesquisa se dedicou analisar as representações discursivas sobre corpos que convivem com o diagnóstico de positivo para HIV/Aids, e se debruçar sobre a linguagem da Aids, considerando sobretudo as escrevivências, necropolítica e interseccionalidade. Além disso, busquei compreender de que forma a Literatura Brasileira Contemporânea pode ser acionada como dispositivo de abertura, afirmação e reexistência de corpos dissidentes que buscam contestar o seu lugar de fala. Assim, este livro Escrita Negro-Posithiva: as escrevivências como novos agenciamentos estéticos de pessoas vivendo com hiv pretende demonstrar como são elaboradas as representações de pessoas vivendo com HIV/Aids, e também, apontar que além dos estereótipos, há um epistemicídio histórico e secular de corpos negros em quatro décadas de pandemia de Aids no Brasil, sinalizando que estes também escrevem literatura negro-posit[hiv]a e constroem narrativas com a hermenêutica autobiográfica, embora não sejam visibilizados ou reconhecidos como intelectuais negros. Para tal, o autor investe na noção de literatura negro-posithiva como aquela que busca fissurar os processos sociais hegemônicos que procuram instituir normas, anulando as subjetividades corpóreas. Assim, são acionadas as escrevivências e inquietações do autor que vive com Hiv há nove anos. Isto é, essa escrita é marcada pela “fala de um corpo que não é apenas descrito, mas antes de tudo vivido”, como adverte Conceição Evaristo (2005). O autor, que se auto afirma enquanto bicha preta e periférica, busca ultrapassar os limites da sua relação com a sorologia mobilizando outras vozes posit[hiv]as para ampliar o diálogo pela ótica decolonial, e principalmente, recusar-se a ser narrado pelo desejo do outro. Por fim, esse livro faz um convite aos leitores independente da sua condição sorológica – soropositivo, soronegativo ou sorointerrogativo, para que se permitam ser infectados positivamente por estas linhas e deixem de olhar para estes corpos como estrangeiros. Maurício Silva da Anunciação é natural de Feira de Santana (BA), pertencente a Salvador (BA) desde 2012. O menino dos olhos de ?`sun, bicha preta, periférico, poeta, escrev[hiv]ente e educador social. Licenciado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2018. Mestre em Teorias Crítica da Literatura e da Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2020. Doutorando em Crítica Cultural | linha de pesquisa: Literatura, Produção Cultural e Modos de Vida | Área Estudo de representações literárias, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em 2021. Atua como membro do Grupo de Pesquisa Lingua(gem) e Crítica Cultural liderado pelo professor Dr. Paulo César Souza Garcia (UNEB). Desenvolve pesquisas sobre Literatura negro-posit[hiv]a, Literatura Pós-coquetel e Literatura da aids, atentando sobre as claves: hiv/aids, escrevivências, identidades, subjetividades, escrita posit[hiv]a e afetividade. Preocupa-se também com as questões relativas ao resgate de narrativas históricas de corpos ditos subalternos, principalmente as que dizem respeito à questão de gênero, classe social, raça/cor e sexualidades. É engajado com uma educação decolonial e antirracista. Tem poemas publicados nas Antologias Poéticas: Poesia Brasil 2019 pela Vivara Editora Nacional, Terra, fogo, ar: coletânea lírica pela Editora EDUFBA, Vidas Perfumadas pela Darda Editora e Revista Palmartes pela Unilab. Trecho do livro ou opinião de outra pessoa para orelha de frente: até 600 caracteres Me tornar este ser resiliente não significa que sou resistente ou não estou vulnerável a sentir as dores das cicatrizes adquirida ao longo da vida, é inevitável algumas dessas consternações não passarem. Isso acontece porque elas moram no nosso inconsciente e sobre ele não temos controle, por mais que a gente busque seguir a travessia sem lembrar dos percalços em algum momento ele vem átona, pois é algo constituinte de nós e não complemento.
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